quinta-feira, abril 01, 2004

Oi todo mundo! Mas, em especial, oi Gabriela!!! Parabéns! Muitas felicidades, etc e tal! 14 anos! Essa idade é ótima, vai começar para você um período muito legal da vida. Não vou dizer que é o melhor, porque, na verdade, o melhor período da vida é aquele que a gente está vivendo agora. Os outros já passaram ou ainda estão por vir e, portanto, não nos pertencem. Nossa! Me lembro como se fosse hoje a primeira vez que eu te vi: três anos, barriguinha de fora, os cabelos sobre os olhos, parada na calçada vendo o tio Vidal chegar com aquela tia nova: "Cadê a tia Simone?" (era a namorada anterior do Vidal...). Tudo bem, eu já perdoei isso... Nem bem eu entrei já pegou chicletes na minha bolsa, passou meu batom e... Chega! Tudo o que a gente NÃO quer quando tem quatorze anos é uma tia lembrando das nossas gracinhas de criança. Não! Não vou te fazer pagar esse mico, pode ficar tranqüila! Mesmo sendo uma tia "quase madrinha". Quase madrinha de batismo (cheguei tarde, né?), quase madrinha de crisma (estava longe)... Ei, quem sabe madrinha de casamento?

Aproveite bem o dia de hoje e todos que estão por vir. Estamos daqui mandando muitas bênçãos e alegrias para você!

Primeiro de abril... Não vou fazer nenhuma gracinha porque nunca fui boa nisso. E, para os curiosos, os franceses também "comemoram" o primeiro de abril. Aqui, além das brincadeiras, geralmente de mau gosto, ainda tem uma tradição: colar um peixe desenhado em papel nas costas dos outros (sem que eles vejam, é óbvio). Por isso o dia primeiro de abril é chamado "Poisson d'avril", que significa: peixe de abril. Ouvi uma explicação hoje na televisão, mas como ela mesma pode ser uma brincadeira de primeiro de abril, prometo que vou descobrir o que significa isso e publico aqui para vocês.

Mudando de assunto, a semana é nova, mas a notícia não. Novamente noites sem dormir por probleminhas de saúde do Felipe. Dessa vez foi uma inflamação de garganta. O problema é que inflamações de garganta sempre dão febres muito altas e difíceis de baixar. Dessa vez não foi diferente, chegou a 40.1 na terça-feira à tarde. Mas ele já está bem, podem ficar sossegados. A novidade desse novo episódio de saúde é que mudamos a tática para dar remédios...

Toda criança tem seus probleminhas de saúde e o Felipe não é uma exceção. A maior dificuldade é com as crises de bronquite como a maioria de vocês já sabe. Portanto, desde muito pequenininho, ele sempre esteve às voltas com remédios. Chegou uma época em que ele tomava oito diferentes no dia! Foi quando decidimos pela homeopatia. Também não deu muito certo. Voltamos para a alopatia. E os remédios sempre lá. O que acontece é que ele não conseguia tomar alguns deles, como anti-térmicos, por exemplo. A gente dava o remédio e ele vomitava tudo. Uma dificuldade! Isso nos fez desenvolver táticas de paciência e verdadeiras estratégias de guerra para conseguir que ele tomasse os medicamentos, além de contar com a colaboração dos médicos na prescrição de remédios com um gosto menos ruim. O que aconteceu foi o seguinte: ficamos reféns do Felipe! Cada vez que um novo remédio era prescrito, vinha o receio: será que esse ele vai conseguir tomar?

A primeira fase era a da dúvida: que gosto tem? Eu geralmente experimentava antes para fazer minha própria avaliação. Depois vinha a fase de negociações. Muitas vezes demorávamos mais de 20 minutos para convencê-lo a tomar uma dose. Quero deixar claro que nunca tivemos problemas para usar o método "força bruta": alguém segura os braços, outro, o nariz e a gente enfia goela abaixo. Mas tinha o problema dos vômitos. Quando enfim ele tomava, vinha a fase suspense: ficávamos alguns segundos ansiosos olhando para a cara dele e esperando pela reação. Ufa! Engoliu. Beleza! Ou então: vai buscar um pano de chão porque esse não deu... Mais de uma vez tivemos de mudar de antibiótico, por exemplo. Eu já estava indo à farmácia como quem vai ao supermercado: "Deixa eu ver... Sabor morango com leves toques de frutas vermelhas... É, esse vai dar. Sabor laranja com traços de menta? Nem pensar! Vamos ligar para o médico e pedir uma substituição!"

Na terça-feira nós o levamos ao médico e, antes mesmo de começar a discussão sobre o paladar do novo antibiótico, tivemos de ouvir: "Mas não é ele quem decide. Quem manda são vocês!" Tudo bem. Nós merecemos esse puxão de orelha. Agora vem nosso mecanismo de defesa: fomos nos acostumando a isso. Nós e o Felipe, é claro. Sim, porque ele já tinha aprendido o jogo e, quando aos oito meses ele vomitava o anti-térmico poderia ser sensibilidade gástrica, mas quase aos cinco anos fazer a mesma coisa já é malandragem mesmo. Só que a gente não tinha se dado conta disso.

Mudamos a tática. Agora não tem mais discussão. Tem de tomar e pronto. E se vomitar? Vai tomar de novo. E se vomitar de novo? Vai tomar de novo. E de novo, e de novo, e de novo, até parar no estômago. E não é que deu certo? No começo ele até que tentou fazer manha, uma regurgitaçãozinha básica. Mas fomos firmes. Foi duro sermos ríspidos com uma criança que estava com quase 40 graus de febre, mas sentimos que isso era importante. Para ele e para nós. Ia chegar um dia em que nem um antibiótico sabor chocolate com cobertura de leite condensado ia ser suficiente. E tem mais! Os remédios de hoje em dia estão cada vez mais agradáveis. No meu tempo não era assim, não! (Credo! Quando gente começa a falar "No meu tempo era diferente" é porque já está quase dobrando o Cabo da Boa Esperança...).

Na mesma terça-feira tinha a consulta mensal da Ana Luíza. Ela continua super bem, embora tenha crescido um pouco menos e, por conseqüência, ganho um pouco menos de peso nesse último mês. É claro que eu já fiquei de orelha em pé, achando que, com certeza, é culpa minha.

Vocês podem ir procurar no dicionário e vai estar lá: sinônimo de mãe: Culpa! E se não estiver assim no dicionário é porque quem fez esse verbete não foi uma mãe, já que tudo na mãe se resume em sentir-se culpada: a Ana Luíza não manteve a média de crescimento? Culpa minha. O Felipe faz manha pra tomar remédio? Culpa minha. Ele tem crises de bronquite? Culpa minha! Eu também tinha quando criança. Aliás, o Vidal também tinha. Aí, nesse caso, já dá pra dividir a culpa com ele. Como isso é herança genética, também dá pra jogar um pouco da responsabilidade para os nossos pais. E para os pais deles também, é claro. Pensando bem, já entrou tanta gente na jogada que nem estou me sentindo mais tão culpada. Ai que alívio!

É, minha gente, acho que não tem nada mais difícil do que ser pai e mãe. A gente tem de trabalhar para sustentar, tem de educar, mandar tomar banho, escovar os dentes, comer salada, tomar remédio, manter a ordem... Não pode deixar ficar muito tempo na frente da televisão, nem na frente do computador, tem de observar se está fazendo exercícios, comendo direito, dormindo direito, agasalhado o suficiente (nem muito, nem pouco). Tem de saber se vai bem na escola, tem de dar orientação espiritual... Tem de ler histórias, montar quebra-cabeça, brincar junto, levar ao parque de diversões, levar ao cinema, levar para passear. E o pior ainda está por vir: a adolescência! Fase em que vamos ter de ouvir que somos caretas. (Ih! Acho que hoje em dia só diz "careta" quem já é "careta". O que os adolescentes dizem hoje em dia?) Tudo isso vinte e quatro horas por dia e sete dias por semana, sem direito a pedir férias ou demissão. Ah! É claro! E ainda tem de viver a própria vida, porque um dia os filhos crescem, saem de casa, resolvem fazer doutorado na França e ainda deixam você longe dos netos!

E não acabou por aí! Ser pai e mãe ainda significa levar bronca de médico, de professora, de psicólogo e até de apresentador de televisão. Ouvir as dicas dos amigos, da família, dos vizinhos. Como todos sabem, não existe nada mais fácil do que educar os filhos dos outros, então todo mundo tem um conselho de sucesso para dar. É uma pena que nada disso pareça funcionar com os filhos da gente. Como bem explicou nosso amigo Marcos: "Antes de ter meu primeiro filho, eu tinha um monte de regras de educação. Não deu nada certo. Aí veio o segundo filho. Eu refiz as regras, já que agora tinha experiência. Também não deu. Veio o terceiro filho. Resolvi jogar todas as regras no lixo, porque elas não servem para nada: cada um é diferente do outro". E é isso aí: cada filho, um novo trabalho de construção. Haja pique e energia! O mais incrível é que a gente tem certeza de que não viveria sem eles (os filhos) e, esquecendo todas as dificuldades, se pega um dia pensando: quem sabe um terceiro?

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