quarta-feira, junho 29, 2005

Sábado passado eu fui ao mercado. Vocês devem estar se perguntando o que isso tem de especial. Mas depois dessa visita, pensei que tenho de contar umas coisas pra vocês.

Primeiro, vou contar o que aconteceu comigo em Castro quando estivemos no Brasil no fim do ano...

Eu tinha uns postais pra mandar aqui pra França. Também era um sábado e fui ao correio que fica do lado da casa da avó do Vidal. Vi um rapaz dentro da agência e empurrei a porta, mas ela não abriu. Daí vi uma plaquinha dizendo que o horário de atendimento aos sábados era até o meio dia. Olhei no relógio: 12h45. Realmente já fazia tempo que estava fechado. Já ia voltando pra casa, resignada, quando o rapaz abriu uma porta lateral e perguntou o que eu queria.

- Queria mandar uns postais, mas não tinha visto que estava fechado.

- Pode entrar aqui.

- Não! Não precisa! Eu mando depois, obrigada.

- Não tem problema, pode vir.

Entrei, entreguei os postais. Ele ainda se desculpou: "Só que eu só vou poder despachar na segunda-feira, tudo bem?". Eu disse que não tinha problema nenhum, paguei e saí.

Isso nunca, jamais, sob qualquer hipótese, de maneira alguma, aconteceria aqui na França! Aliás, muito pelo contrário, e é aí que entra a história do mercado...

Esse, especificamente, fechava às 19h00. Fechar às 19h00 significa dizer que nessa hora todo mundo (leia-se, os funcionários) quer estar na porta, de bolsinha na mão, pronto pra partir. Então, lá pelas seis começam os preparativos... Ainda bem que eu não gosto de peixe, porque nesse momento já não tem mais peixes pra comprar. Foi tudo recolhido. Frutas e verduras também já começam a desaparecer...

Seis e meia. Pelo alto-falante, nós ouvimos: "Estimados clientes, gostaríamos de informar que em meia hora nosso estabelecimento fecha suas portas. Agradecemos a visita."

Seis e quarenta. "Caros clientes, em vinte minutos encerramos nossas atividades. Queiram, por favor, procurar o caixa mais próximo. Obrigado".

Nessa hora começam a serem apagadas as luzes do fundo do mercado. Você já não acha ninguém pra pesar frutas e legumes.

Seis e quarenta e cinco. "Em quinze minutos, fechamos. Por favor, dirijam-se ao caixa". Mais luzes são apagadas.

Quem ainda está andando de cestinha ou empurrando carrinho pelo mercado, já quase totalmente no escuro, recebe a visita do segurança. "Senhor, estamos fechando". Você olha pro lado, depois pra cima. O cara é geralmente do tamanho de um armário. De imbuia. Não dá nem pra pensar em discutir ordens. Isso aconteceu com o Vidal...

Seis e cinqüenta. "Em dez minutos estamos picando a mula. Você aí com essa cebola na mão. É, você mesmo. Pode tirar suas patas daí e procurar um caixa! É isso aí. Vazando todo mundo!".

E isso não acontece só no mercado não!

Uma vez eu estava numa loja de móveis na periferia da cidade. De repente, todas as luzes se apagaram, a música que estava tocando acabou, sumiu todo mundo! Eu saí da loja, achei que tinha acontecido alguma catástrofe, um ataque aéreo, um atentado, sei lá. Daí vi que na porta tinha uma placa com o horário de funcionamento. A loja fechava para o almoço, do meio-dia dia às duas. Sem choro! Fiquei duas horas sentada do lado de fora esperando abrir! Chorando. De raiva!

Já me aconteceu um dia de estar num mercado vendo preços de máquinas fotográficas. Faltavam dez minutos pra fechar quando chegou um segurança do meu lado:

- Senhora, estamos fechando.

- Eu não vou comprar nada, só estou anotando os preços.

- Mas estamos fechando.

- Mas eu não vou comprar nada! Só estou olhando.

- Só que enquanto a senhora não sair daqui aquela moça ali do caixa não pode ir embora.

- E EU COM ISSO! ELA RECEBE PRA FICAR ATÉ ÀS NOVE, NÃO É? ENTÃO ELA QUE ESPERE!!!

Claro que eu não falei isso... Vocês me conhecem. Murmurei um "tudo bem" inconformado e saí. Mas que eu pensei, ah pensei!

Semana passada foi no correio. Eu estranhei aquela solicitude! Tinha três funcionários pra me atender. Cada um fazia uma coisa diferente, super rápido. Eficiência total. E eu que já estava me achando especial, quando virei pra trás e vi um quarto funcionário fechando as cortinas... Daí entendi tudo. Faltavam cinco minutos pra fechar o correio. "Igualzinho" ao colega brasileiro...

Eu sei, eu sei, eles é que estão certos, afinal, eles não são pagos pra fazer hora extra. Aqui nem seriam hoooooras extras, no máximo, minutos extras. Mas que dá uma saudade do Brasil nessas horas, isso dá...

sexta-feira, junho 17, 2005

SOCORRO!!!!!!

Desenterrem o Eistein! Alguém tem de conseguir explicar porque o tempo está passando mais rápido e a gente não consegue mais fazer o que fazia antes!!!

Eu achando que tinha escrito há uns 15 dias, descobri que já faz mais de um mês! Tanta coisa aconteceu nesse tempo...

Primeiro, recebemos a visita da Zélia (vejam fotos no Foto Blog, que aliás, também está jogado às traças digitais...). Foram dias maravilhosos! Ter gente da família por perto é uma coisa muito boa quando estamos tão longe. O difícil, mas difícil mesmo, é a hora da partida! De partir o coração... Mas nem por isso as visitas estão desencorajadas, viu? Aproveitem porque hotel gratuito na Europa, só por mais um ano! É, isso mesmo. Só mais um ano e estamos de volta...

Também tivemos duas notícias chatas...

Primeiro, o pedido de bolsa que o Vidal fez foi negado. A resposta veio semana passada... Nada de bolsa. Aliás, nem bolsa, nem sacola, nem mochila, nem malão, nem malinha, nem mesmo uma pochete! O Vidal disse que não esperava, mas eu, lá no fundo, tinha uma esperança. Mínima, minúscula, ínfima, raquítica, quase transparente, mas tinha... Tudo bem. Vamos sobreviver sem ela!

A segunda notícia é que um artigo que o Vidal submeteu a um congresso não foi aceito. Isso sim nos abalou. Para o que Vidal tenha o título de ‘dotô’ é preciso ter pelo menos uns três artigos aceitos em conferências. E o problema com esses artigos é que na maioria das vezes não é possível mandar o mesmo texto para duas ou mais conferências. Cada conferência quer um texto inédito. Então são meses escrevendo, daí o texto é enviado, aguarda-se mais uns meses pelo resultado. Isso significa que ficamos quatro, às vezes, cinco meses esperando por essa resposta. É um sofrimento... Principalmente quando a resposta é não.

A recusa faz parte. Com todo mundo é assim, a gente entende. O duro é quando acontece com a gente!!!

Agora estamos animadinhos com a possibilidade de mudar de apartamento. Apareceu um para alugar no mesmo prédio em que moramos (na verdade, no bloco vizinho) com DOIS quartos! Se der certo mesmo, vou me sentir no palácio de Versalhes! Mas, novamente, o vil metal pode atrapalhar nossos planos... Mudar custa caríssimo: taxa de imobiliária, mudança da antena da tv, os papéis de parede que vamos ter de trocar no apartamento em que estamos porque foram devidamente ‘decorados’ pelas crianças... Minhas esperanças nessa mudança estão no mesmo nível daquelas que tinha para a bolsa.

Eu vou dando notícias... Mais curtinhas, menos ‘literárias’, mas pelo menos não deixo vocês se esquecerem de nós...

Até a próxima!