quinta-feira, abril 13, 2006

Casa nova, vida nova!


Enfim!!!
Casa nova, vida nova, bagunças novas!!!

Até que foi rápido pra gente voltar ao mundo normal... uma semana. Tá bom, não tá?

Agora estou aqui no meu novo quarto, escrevendo pra vocês no novo micro! Sim! Agora temos um novo brinquedinho em casa. Um computador que a universidade emprestou para o Vidal poder terminar o trabalho dele. Eles são legais, não são? Agora o Vidal vai poder trabalhar durante o dia, a noite, a madrugada, os finais de semana, e, se inventarem mais horas no dia, nessas horas também! Sem desculpa, sem choro, sem a menor possibilidade de dizer "pois é, o micro lá em casa é muito lento, as crianças estavam usando, fiquei sem internet, blá, blá, blá... " Nada disso!!!

A parte boa é que, durante o dia, enquanto O Vidal está na universidade, eu posso brincar um pouquinho com ele... Só que, como nada é perfeito, o BipBip (foi o nome que eu dei pra que ele não fique com ciúmes do Cágado que tem um apelido carinhoso especial) tem um teclado francês. Qual é o problema? O problema é que não sei porque os franceses decidiram que no mundo todo a posição das teclas no teclado é uma, mas na França seria diferente. Então o A é no lugar do Q, o Z é no lugar do W, a vírgula é no lugar do M, o M é no lugar do Ç e assim por diante. Pra fazer os números a gente tem de apertar o SHIFT e os símbolos são feitos quando a tecla está desapertada... O que a gente faz é enganar o teclado. A gente diz que está usando um teclado brasileiro. Daí fica melhor ainda: você olha pro teclado e vê um Q, mas quando aperta a tecla, sai um A! E mais! Não existe uma tecla para interrogação, então se eu quero fazer uma pergunta, nem que seja retórica, tenho de pressionar ALT mais 063 no teclado numérico. Dei uma boa espanada nas teias de aranha dos meus conhecimentos em informática (DOS ainda, alguém lembra disso?) pra lembrar qual era o código ASCII do ponto de interrogação. Um verdadeiro treinamento pra loucos!

O que eu tive de fazer também foi ressuscitar todas minhas aulas de datilografia da sétina série (sim! Eu fiz isso!!!) para digitar SEM olhar para o teclado! Ou então me acostumar ao teclado francês! Vou tentar não olhar... vamos ver no que vai dar! O Vidal tem vivido assim desde que chegamos aqui e está mantendo a sanidade, porque eu não conseguiria (ALT+063)? Ah! E não tem corretor em português então pode acabar escapando um errinho aqui, outro ali... vocês vão me perdoar, né?

Vamos falar da mudança!

Correu tudo super bem e sobrevivemos!!! Quem nos acompanha desde o início deve estar lembrado de que quando chegamos por aqui eu estava de barrigão e não conhecíamos ninguém, então o Vidal teve de carregar tudo sozinho, no muque! Dessa vez foi bem diferente! Primeiro eu não estou mais de barrigão... quer dizer, estou, mas agora não tem mais bebê dentro que justifique eu não botar meus bracinhos pra trabalhar. Oh, vida! Além disso, vejam como é a globalização! Fizemos uma aliança franco-méxico-brasileira e tínhamos carregadores de três nacionalidades! Antoine e Cédric representando a França, Jorge representando o México e o Vidal, representando terras verde-amarelas. Mesmo assim, ainda bem que morávamos no primeiro andar, e continuamos morando no primeiro andar! Os meninos sofreram!

Enquanto eles ainda não tinham chegado, eu mesma comecei ajudando o Vidal a carregar o caminhãozinho que alugamos. De novo, quem nos acompanha desde o início vai lembrar que foi durante a primeira mudança que percebemos o quanto os franceses são educados, já que todos os vizinhos que passaram pelo Vidal enquanto ele resfolegava escada acima com o fogão nos braços disseram "Bonjour!" com sorriso nos lábios e tudo o mais. Todos! Sem exceção. Educadíssimos! (Mas uma mãozinha que é bom... Nada!) O Vidal é que deve ter passado por mal educado porque carregando aquele peso todo ficava difícil responder "Bonjour", ainda mais sorrindo. Eles devem ter compreendido. Na verdade, compreenderam, sim. Tanto é verdade que agora a coisa foi diferente.

Enquanto descíamos a mudança escada abaixo vários vizinhos passaram por nós. Dessa vez eles não se contentavam em só dizer "Bonjour!" com um sorriso nos lábios, mas paravam pra perguntar se estávamos nos mudando, pra onde, porque assim tão depressa, se estávamos de partida para o Brasil, mas que pena que vocês vão embora, etc., etc., etc. Muitas vezes a gente parava no meio da escada com uma caixona nas mãos, o suor escorrendo pela cara e eles ali, naquela conversa amigável, papo vai, papo vem, nossas costas começando a reclamar, as pernas já resignadas nem reclamavam mais, simplesmente pararam de mandar mensagens ao cérebro e, no fim, "Au revoir!" sempre com o sorriso nos lábios! Realmente, educadíssimos!

Teve uma dupla que foi muito legal. São dois senhores, um que mora no último andar, outro no penúltimo, em apartamentos que ficavam exatamente acima do nosso. Eles eram sempre muito simpáticos. Teve até um dia em cada um deles deu uma bola de futebol para o Felipe. O do último andar, em particular, era quem me mantinha em dia sobre as fofocas do prédio (é... no primeiro mundo a fofoca entre vizinhos também corre solta), sempre que a gente se encontrava na escada ele tinha uma historinha de alguém pra contar... Pois bem. Eles foram os que pareceram mais penalizados com a nossa partida. Quando eles nos viram carregando o caminhãozinho disseram: "Não! Vocês vão se mudar? Assim sem avisar?" E daí começaram o bate-papo. Dois homenzarrões danados de fortões e o Vidal, coitado, embaixo de uma porta de armário, já meio azul e nem uma palavrinha do tipo "Tá muito pesado isso aí?". Bem, mas o mais legal foi que eles viraram pra mim uma hora e disseram: "Que pena que vocês vão sair daqui! A gente não vai mais sentir o cheiro bom da sua comida!" Que tal essa! Hein, hein? Eles quase tiveram de sair pulando pra me pegar porque nesse dia ventava muito e eu praticamente saí voando de tão inchada! Eu tô falando pra vocês, não tô? Pensei até em desistir da mudança depois dessa, mas achei que não valia a pena. Principalmente porque... Não! Acho que não... Será? É que... Não!!! Não tem nada a ver... Ou será que... Bem, vou contar só pra vocês... É que a gente mudou no sábado, né? Então, era sábado e também era... primeiro de abril... Será que eles disseram isso... Não!!! Acho que não! Eles pareciam bem sinceros! Era verdade sim! E o Vidal estava do lado de testemunha! E eles nem colaram um peixinho de papel nas minhas costas (é assim que eles comemoram o primeiro de abril por aqui: colam um peixinho de papel nas costas uns dos outros). Era sincero, tenho certeza!

Vocês podem estar aí se perguntando: "Mas será que não existem empresas de mudança na Europa?" Claro que existem! Só que elas são reservadas pra quem tem salário em Euro, o que não é o nosso caso! Pra gente a solução é fazer justiça com as próprias mãos mesmo. E com todas as bondosas mãos alheias que se oferecerem, mesmo que de leve, a nos ajudar! Além das ajudas pra carregar, ainda temos de agradecer a Mariana (esposa do Jorge) que ficou me ajudando a encaixotar as coisas em casa, a Kim que ficou com o Felipe e a Nadine que ficou com a Ana Luíza. Sem todos esses anjos da guarda as coisas teriam sido muito mais difíceis!

Bem, foram três ou quatro viagens de caminhãozinho até trazer tudo de lá pra cá. E eu fiquei me perguntando... Como é que a gente consegue juntar tanto bagulho em tão pouco tempo?!!! Que loucura!!! Depois que terminamos tudo o Jorge e a Mariana nos convidaram pra comer uma pizza na casa deles porque na nossa casa nova não dava nem pra entrar direito e na velha não tinha onde sentar! Tem fotos, é claro, vou colocar tudo no Flickr em seguida. (Só não tem fotos ainda da casa arrumada...)

Depois da pizza voltamos pra casa. Nova! Não dava nem pra curtir tamanha era a zona e o desespero de pensar em botar tudo aquilo em ordem! Felipe e Ana Luíza já chegaram dormindo. O Vidal ficou no carro enquanto eu subi e arranjei um espacinho pra esticar o colchão do Felipe e armar o berço da Ana Luíza. Já eram umas dez da noite, e embora aquele sábado tivesse sido pesado como vocês podem imaginar (pega caminhão, carrega na loja as coisas que tivemos de comprar, carrega o caminhão quatro vezes, encaixota as coisas, descarrega caminhão, e, pra ajudar, era dia de carnaval na escola do Felipe, nem pensar em faltar!!!) ainda chegamos e montamos os armários do nosso quarto, a nossa cama, e praticamente montamos um armário da sala. Tinha confete pra todo canto, mas nosso clima não era de muita festa não! As olheiras que o digam! Enfim, era uma e meia da manhã mais ou menos quando achei forças e o telefone embaixo de umas cinquenta caixas e consegui ligar para o Brasil: "Mamãe: mudei!"

Os dias seguintes foram gastos totalmente em colocar as coisas em ordem: montar tudo o que estava desmontado, guardar tudo o que estava encaixotado, trazer o resto das coisas que tinham ficado ainda no outro apartamento... Comida? Só na quarta-feira à noite porque não tínhamos o tubo pra ligar o gás no fogão. Assim mesmo, foi uma gororoba horrorosa que, se não chegou a ser salada temperada com detergente como quando chegamos aqui, também ficou a anos-luz de distância dos meus quitutes atuais. Tudo bem, na quinta-feira na hora do almoço eu já me redimi!

Nesse momento as coisas estão quase normais: ainda tem um armário que precisa ser organizado, eu ainda não consegui fazer o faxinão que gostaria nesse apartamento novo, nem o faxinão de saída do outro. A gente ainda tem um tempo pra entregar as chaves e fazer a vistoria de entrega. Antes disso ainda vamos ter de recolocar o papel de parede que foi arrancado por lá. Olha, a nossa experiência aqui em trabalhos de marceneiro, pedreiro, eletricista, etc. ainda vai dar uma boa história!

Enfim, estamos bem instalados e eu não me canso de olhar pra essas paredes lisinhas, sem uma florzinha sequer! Um verdadeiro sonho! É verdade que voltamos às eras da cortininha de plástico e que tem uma banheira que estava um HORROR de tão imunda, mas agora que eu já fiz minha limpeza básica de chegada, ela faz a festa dos meus dois peixinhos que se divertem um monte na tal banheira. Com cortininha de plástico e tudo o mais! Sem contar os DOIS quartos!!! Essa é a melhor parte! E tem mais: agora conseguimos nos sentar à mesa pra comer colocando pratos, copos, garrafa de suco E panelas na mesa! Antes isso era impossível! Na mesa que nós tínhamos mal cabiam os quatro pratos com quatro copos e só! A garrafa de suco geralmente ia parar no chão! A antiga mesa virou mesa de televisão e a nova pode ser aumentada e chegar até DOIS METROS! Acreditam? Alguém aí me manda um beliscão, nem que seja virtual, porque que acho que tô sonhando!

Bem, não posso deixar de terminar esse post de boas novas com mais boas notícias! Sim! Uma overdose delas!

Vocês lembram que estávamos esperando duas respostas de artigos para o dia primeiro de abril? Tchan, tchan, tchan, tchan... Os DOIS foram aceitos!!! E tem mais! Em um deles, o artigo do Vidal foi eleito o melhor da conferência! Ainda bem que a gente tinha que fazer a mudança naquele dia, assim as caixas e as portas de armário nos seguravam no chão, porque a tendência seria sair voando mesmo! Enfim todas as muitas horas de trabalho, suor, suspiros, lágrimas e ranger de dentes, além de muita oração daqui e daí estão dando os seus frutos! Eu sabia que ia ser assim!

Vou ver se eu consigo publicar as fotos agora...

Pra acabar, como nem tudo podia ser notícia boa, vai um pedido de torcida... Vocês sabem que a gente vai pro Brasil em julho. As passagens já estão compradas. Só que, isso mesmo, são da Varig!!!! Sentiram o nosso drama? Vamos ficar nessa corda bamba até irmos e voltarmos... Por isso a torcida! A gente quer ir pro Brasil em julho!!!

PS.: Como estamos de casa nova, carro novo, sala nova pro Vidal na universidade, resolvi dar uma cara nova pra esse blog também! Espero que vocês tenham gostado!