segunda-feira, maio 31, 2004

Eu sei, eu sei! Estou demorando muito para escrever por aqui. Mas eu tenho meus motivos...

O primeiro deles é esse computador. É claro que eu não viveria sem ele, a Internet é o que me permite manter a sanidade estando aqui longe de tudo e de todos e por aí vai. Só que tive de tomar uma decisão radical: vou apagar tudo o que está aqui dentro do Cágado (foi o apelido carinhoso que dei para ele) e começar de novo! O Vidal já tinha me convencido disso há bastante tempo, mas ontem percebi que a medida é urgentíssima. Vou explicar o que está acontecendo de uma forma bem didática para que vocês possam ter uma idéia do caos. Imaginem que meu computador tem 100 mãos. Ontem à noite, dessas 100 mãos, 96 estavam ocupadas e as outras 4 ficavam fazendo gestos de "Peraí! Peraí!". Isso quer dizer que para mudar de uma janela para outra, por exemplo, eu cheguei a esperar mais de cinco minutos! Só para abrir o Word ele está demorando 4 minutos! Contados no relógio!! Desligar e ligar de novo? 11 minutos!!! Como eu faço muitas coisas no computador, consumo grande parte do meu dia na frente dele simplesmente esperando.

Só que fazer isso de apagar tudo e começar de novo não é tão simples. A gente tem de fazer um levantamento dos programas, saber o que tem e o que não tem de copiar, comprar os discos, fazer as cópias. Uma função!

Hoje eu devo fazer o trabalho de apagar tudo e reinstalar os programas. Portanto, é bem possível que nos próximos dias estejamos fora do ar! Quem nos procurar no Messenger e não encontrar já vai saber a razão. E esse blog... Bem, não quero dar falsas esperanças. Se eu conseguir escrever no fim da semana vou estar bem feliz!

Outra coisa que dificulta a tarefa de escrever é a Ana Luíza. Aquela moleza de ela só comer e dormir, naturalmente, já acabou. Agora ela praticamente só fica quieta nas seguintes situações: quando está dormindo, quando está tomando banho, quando está mamando e quando está no colo. Pelas opções que eu dei já dá pra notar que ela passa uma boa parte do tempo nos meus braços o que dificulta um pouco as coisas. Me sinto como meu computador e eu nem posso pedir uma mãozinha para ele, já que ele também está com quase todas ocupadas! Eu até tento digitar com ela no colo, mas ela quer mexer no teclado, vejam só! Eu digito, mas quando vou ler percebo que ficou ininteligível e deixo para depois.

Por fim, nesse meu rosário de desculpas, tem a duração do dia. É verdade! Dias longos são muito bons para passear, mas no dia-a-dia complica um pouco as coisas...

Nesta semana que passou o Vidal fez um curso durante toda a semana num balneário a 90Km daqui, chamado Le Croisic. Ele ia e vinha todos os dias. Na terça e na quarta o Felipe não tinha aula, então aproveitamos e fomos junto com ele. Ficamos lá no lugar do curso (era um hotel). Foi ótimo! Foram dois dias em que eu fiquei sem fazer absolutamente nada, a não ser ficar por conta das crianças. Na terça-feira, tivemos o privilégio de ver um pôr-de-sol maravilhoso. Aqui o sol se põe no mar (estamos do outro lado do Atlântico) e o espetáculo é lindo, vocês podem imaginar. Pois bem, logo que o sol acabou de fazer o "tchiiii" ao se esconder no oceano eu olhei no relógio: 21h55. Isso mesmo! Quase 10 horas da "noite". É claro que depois que o sol se põe ainda leva um tempo para ficar bem escuro, normalmente isso vai acontecer depois das 10h30. Às vezes, lá por 11h00 ainda tem até um pouco de claridade no céu. O efeito prático disso é que, assim que escurece, já está na hora de dormir. Quase todos os dias eu acordo e penso "Hoje à noite vou escrever no blog", mas quando chega a noite, já é quase madrugada e eu tenho de ir deitar. Nem sei a que horas começa a clarear, mas o sol está nascendo antes das seis da manhã! São os dois extremos: no inverno uma noite infinita; no verão, um dia que não acaba!

Também tem o fato de que, como aqui os dias bonitos são raros, a gente tem aproveitado para sair de casa nos finais de semana. Nem que seja só pra fazer uma caminhada às margens do rio Loire. Estando fora de casa sobra menos tempo para escrever também...

Bem, dei todas as explicações possíveis! Espero que nossa "legião de fãs" (olha a modéstia) seja compreensiva. Prometo que no máximo até começar o inverno eu volto a escrever bastante. Mas isso é o máximo que vocês vão ter de esperar! Prometo!

quarta-feira, maio 19, 2004

Sol! Calor!! Verão!!!

Não achei que esse tempo fosse chegar, mas ELE VEIO! Desde sábado temos tido dias quentes e cheios de sol. É claro que estamos aproveitando o máximo. No sábado fomos fazer um churrasco à beira do rio Erdre (o outro rio que passa por Nantes). Não imaginem que foi um churraaaasco assim como a gente faz aí. É claro que não! Foi um churrasco francês onde tem um monte de coisas e muito pouca carne. O convite veio dos colegas franceses que o Vidal tem na Universidade. Cada um levava a sua bóia. A gente até que tentou comprar uma carne no mercado para fazer com sal grosso, mas a carne de boi aqui é horrorosa. Na verdade, nem é carne de boi. É carne de vaca (está escrito na embalagem). Acho que eles provilegiam o gado leiteiro e não sobra muito espaço para o gado de corte. Do que levamos, só estava boa a linguiça!

Os franceses costumam levar para o churrasco linguiça e espetinhos que a gente compra prontos no mercado (prontos quer dizer montados, não assados é óbvio). Só que eles assam a carne sem sal!!!! Eles dizem que é para manter o sabor dos alimentos. Sei não. Aqui a comida é quase sem sal e quase sem açúcar. Eles usam muitas ervas. Pode ser que eles estejam certos, que a comida assim seja mais saudável. Mas a gente gosta mesmo é de uma salmourazinha, uma pimentinha, um melado! Não adianta. Num país com não-sei-quantos-mil kilômetros de costa e com terras e terras cobertas de cana-de-açúcar comé o Brasil a coisa não podia ser diferente mesmo. Somos dos extremos: sal e açúcar para valer. Os franceses não gostam mesmo de coisas muito doces. O dia em que eles vieram jantar aqui em casa eu fiz um "Strogonoff de Nozes" de sobremesa. A opinião geral é de que ele é doce demais e eles não aprovaram. Dá pra acreditar?

O lugar em que fizemos o churrasco é muito legal, o dia estava lindo e aproveitamos bastante. Agora está escurecendo às 10 horas da noite, então o Vidal pôde jogar futebol até tarde e eu fiquei jogando uma espécie de bumerangue com o Felipe. Quando escureceu, eles acenderam um monte de velinhas e ficamos conversando na beira do rio. Muito divertido! Claro que tem fotos, e claro que eu ainda não consegui colocar no site. Mas elas estarão lá em breve. Prometo.

No domingo fomos fazer outro piquenique. Desta vez num parque de Nantes chamado Parc du Grand Blottereau (a gente diz Bloterrô). Fomos nós todos mais a Cláudia e o Alexandre que eu já apresentei aqui e nem preciso mais dizer quem é... Chegamos às duas da tarde e saímos depois das nove horas. Também tem fotos, que vão ficar para depois...

Para terminar as notícias primaveris, na semana passada fomos ver uma exposição super interessante aqui em Nantes. Ela acontece a cada quatro ou cinco anos e se chama Floralies International. É uma exposição de plantas. Paisagistas de vários lugares criam ambientes naturais dentro dos pavilhões de exposição. Tem de tudo: desde floresta até deserto e é uma coisa muito diferente. Boa notícia! Da exposição TEM fotos e elas JÁ ESTÃO DISPONÍVEIS! Vejam nosso Álbum de Fotos.

Antes que chovam reclamações! A gente não aparece nas fotos da exposição, só as plantas. Tinha muuuuuita gente e não tinha a menor condição de parar toda a família trapo na frente das plantinhas e dizer para as 550 pessoas que vinham atrás: "Esperem só um pouquinho que a gente vai fazer uma fotinho, tá?". Nem pensar! Tirei várias fotos porque o lugar é enorme, mas para fazer as fotos era necessário ser objetiva. Clic, clic, clic e pronto. Nada de grandes composições, nem um segundo a perder! Mas nas fotos do churrasco e do piquenique existem seres humanos, esperem pra ver...

Por hoje é só! Agora que aqui faz calor ficamos menos dentro de casa e sobrou ainda menos tempo para eu escrever. Mas, aguardem... Estou preparando uma daquelas historiazinhas para vocês. Quero ver se publico na semana que vem!

quarta-feira, maio 12, 2004

Edição especial!!!

Hoje tivemos uma notícia excelente. O Vidal teve o primeiro artigo aceito em uma conferência na Suíça! Foi um artigo escrito em conjunto com o colega de sala dele e descreve o trabalho que os dois estão desenvolvendo. Cada um deles está fazendo uma parte de um mesmo projeto e essa foi a primeira publicação aceita.

Isso é muito importante para nós, afinal, toda essa loucura aqui está acontecendo exatamente por causa do doutorado do Vidal e a publicação de artigos em conferências é uma parte muito importante de qualquer pesquisa.

E mais! Tendo publicações poderemos tentar, mais uma vez, uma bolsa da CAPES ou do CNPq. Quando o Vidal tentou as bolsas no ano passado o argumento para negá-las foi justamente a falta de publicações. Estamos cheios de esperança novamente!

É isso aí! Já passa da meia noite e vou caçar minha caminha... Só não podia deixar de contar essa grande novidade para vocês!

domingo, maio 09, 2004

Gente, antes que eu me esqueça: eu ODEIO o clima desta terra! Tem um monte de coisas legais aqui, é verdade, mas o tempo... A temperatura hoje na hora do almoço era de CINCO graus! Isso porque estamos chegando quase no verão! Tem lugares aqui na França em que NEVOU! Eles dizem na televisão que não é normal para a estação esse frio, que está parecendo fim de fevereiro e não meio de maio, etc., etc., etc. Eles devem estar é querendo nos consolar somente. Se a gente não tivesse passado uns dias de calor aqui no ano passado quando chegamos, eu ia duvidar que um dia o verão vai chegar mesmo.

Desabafo feito, quero dar notícias da Ana Luíza. Semana passada fomos ao médico para a consulta normal dos quatro meses, vacinas e tudo o mais. Ela está super bem: 5,780Kg e 61,5cm. Crescendo e se desenvolvendo da melhor maneira possível. Claro que ela chorou muito na hora das vacinas, o que é compreensível. O Felipe ficou chocado! Sentimos que ele realmente sofreu com o sofrimento dela. Mas, a vida é assim mesmo e as vacinas são necessárias, não é? Aí vai uma foto:


No mais, estamos todos bem. Esta semana começamos a fazer academia, o Vidal e eu. Estava na hora de acabar com aquela história de "estamos fragilizados, por isso estamos nos afogando nos chocolates, e essa barriga caindo sobre o cós da calça é só coisa da nossa imaginação..." e por aí vai. Nada disso! Desde o início dessa semana jantamos salada e vamos à academia! Sexta-feira de manhã o Vidal não conseguia levantar os braços e eu, as pernas. Cheguei a sugerir que a gente fizesse uma mistura de nós dois, mas o Vidal, sabiamente, concluiu que daí teríamos uma pessoa completamente inválida e uma boa no lugar de dois semi-inválidos. Ele tem razão! Daqui a um mês eu volto a falar para contar os resultados!

Olha, desculpe voltar nesse assunto, mas não dá para falar só de castelos e lendas. Essa parte da nossa vida aqui é muito legal, mas só acontece de vez em quando. Nosso dia-a-dia é bem menos chique: sou eu com as minhas panelas e panos de chão e o Vidal com seus livros e artigos. Então, lá vai: ressurgiram esperanças de eu conseguir acabar com as manchas no chão da sala! Vocês sabem, eu já tinha me resignado a elas. O apartamento é de 1970, eu sou de 1969. Portanto, temos quase a mesma idade. Se eu mesma já tenho algumas manchas que não consigo tirar, porque o pobre do apartamento também não poderia ter? Mas, um fato fez renascer a possibilidade de eu acabar com elas.

O que aconteceu foi o seguinte: na terça-feira passada, dia do faxinão, eu fui tomar água na cozinha e, olhando para cima, pensei: "Nossa! Esse lustre da cozinha continua um horror!". Como era o dia da faxina e eu ainda não tinha encerrado o expediente, tive de encarar o gorduroso lustre. Tentei tirá-lo para lavá-lo com água e muito detergente, mas ele não sai de lá. Fiquei pensando em como resolver aquilo e lembrei de um limpa-forno que eu usei aqui. O produto é ótimo: é uma espuma que a gente espirra nos lugares sujos do forno, deixa agir por meia hora e depois passa uma esponjinha. É incrível, mas todas aquelas cracas do forno saem na maior facilidade. E não é propaganda enganosa, não. Bem, como tinha sobrado limpa-forno, tive a brilhante idéia de usá-lo no lustre, que é de vidro. Espirrei o bicho no lustre e voltei para a faxina do banheiro.

Voltei, passei um paninho, saiu toda a gordura, as mosquinhas mortas (credo!) e o lustre ficou um chuchu! Vi que tinha pingado limpa-forno no chão. Tudo bem. Peguei um paninho para limpar e foi aí que, aterrorizada, percebi que no lugar em que tinha caído o limpa-forno tinham ficado umas manchas brancas no piso. Pensei: "Putz! Manchei o chão da cozinha! Lá se vai a caução que pagamos pelo apartamento!" Meu terror durou poucos segundos, porque percebi que não é que o chão tinha ficado manchado naquele lugar. Na verdade, ele tinha ficado LIMPO! O limpa-forno tinha limpado a sujeira do chão.

Não acreditei! Espirrei limpa-forno em uma área um pouco maior perto das manchas, deixei agir e limpei. O piso ficou realmente limpo! Daí, não tive dúvida, comecei a espirrar limpa-forno no chão de toda a cozinha! Arrastei fogão, geladeira, armário, tudo! Assim como Jack, o Estripador, eu ia fazendo a limpeza por partes. No fim do dia tinha acabado o limpa-forno e ainda tinha bastante cozinha! Tive de parar, mas tirei até uma foto pra vocês terem uma idéia do meu pasmo!


A parte clara, é a que está limpa, é óbvio! Aquela "rodinha" na parte suja foi o lugar onde tudo começou...

Claro que à noite eu não conseguia dormir de tanta dor nos braços. Porque o produto tira sujeira com facilidade, mas quando a sujeira já tem mais de 30 anos a gente tem de dar uma esfregadinha... Só consegui terminar o trabalho na terça-feira seguinte, mas fiquei feliz. O Felipe passou a ter dificuldade para se equilibrar só de meia na cozinha de tão lisinho que o chão ficou. E nós agora temos de usar óculos escuros para entrar lá: de dia porque o chão está refletindo a claridade de fora, à noite, porque o lustre está tão limpo que a lâmpada realmente consegue iluminar!

Diante disso, comecei a pensar na possibilidade de fazer o mesmo nas manchas da sala, mas já estou desistindo. Pelo jeito não dá pra limpar só uma parte e a possibilidade de esfregar de esponjinha o chão da casa toda não me agrada nem um pouquinho! Vamos ver o que vai dar! Eu já estava conformada com elas mesmo, não é? Pelo menos agora eu sei que elas estão lá porque eu quero e não porque me venceram...

Ei! Pensei uma coisa agora! E seu eu usasse o limpa-forno nas minhas próprias manchas? Não, não... Acho que não ia ser legal! Melhor esquecer...

Bem... vou ficando por aqui. Estou revoltada! Hoje tínhamos combinado de fazer um piquenique mas, com um frio desses, quem é que se anima a sair de casa? Ai que saudade da nossa terrinha!

Antes de terminar só gostaria de dar uma boa notícia! O Felipe já está almoçando regularmente na escola! Até ganhou o boneco do Homem-Aranha que tínhamos prometido nos idos do mês de novembro! Na sexta-feira, quando fui buscá-lo, escutei um monte de elogios da professora e fiquei muito orgulhosa. Ai! Mãe-coruja é fogo!