terça-feira, abril 13, 2004

Fiquei alguns dias sem escrever, mas o motivo foi justo. Tivemos alguns maus momentos na semana passada. Quem estava acompanhando percebeu que tinham sido duas semanas seguidas com problemas de saúde do Felipe. Semana passada foi a terceira!

Na segunda-feira ele começou a tossir e eu a ficar desesperada. Eu sabia que ele teria uma crise e não tinha nada que eu pudesse fazer a não ser esperar. Eu e o Vidal discutimos e decidimos aguardar até o dia seguinte para levá-lo ao médico se fosse necessário. Até tentamos começar as inalações antes, mas não adiantou nada. Passamos a noite de segunda para terça-feira fazendo inalações a cada uma hora e meia, mas ele não melhorava. Às sete horas da manhã nós decidimos levá-lo ao hospital.

Quando chegamos lá ele estava com 86% da capacidade respiratória e estava muito mal. Eles fizeram inalações seguidas e o colocaram no oxigênio. Em seguida, nos disseram que ele deveria ficar internado até que a capacidade respiratória se mantivesse próximo de 100% sem o uso de oxigênio, e foi o que aconteceu. No mesmo momento eles nos informaram que a Ana Luíza não poderia ficar no hospital nem em horário de visita a fim de não correr riscos. Foram momentos muito difíceis para mim: de um lado o Felipe super fragilizado, morrendo de medo de ficar sozinho, de tomar injeção e de outro a Ana Luíza que ainda mama no peito e que não podia ficar no hospital conosco.

Felizmente pudemos contar com a ajuda valiosa de um casal de amigos que temos aqui: Cláudia e Alexandre. Entre as mamadas eu deixava a Ana Luíza na casa deles pra poder ficar um pouquinho no hospital com o Felipe. Durante a noite era só o Vidal com ele. Aliás, o Vidal entrou no hospital na terça-feira de manhã e só saiu na quinta-feira no final da tarde. Na quarta, no início da tarde, eu fiquei sozinha com o Felipe para que o Vidal pudesse vir em casa tomar um banho e comparecer ao banco, onde ele tinha um horário marcado para atendimento. O resto do tempo ele ficou com o Felipe. Para todos nós foi difícil, mas para ele foi ainda mais: passar o dia todo no hospital, sentado numa cadeira simples, dormir numa caminha de armar e sem travesseiro na primeira noite, isso depois de ter passado uma noite sem dormir porque estava terminando um trabalho que tinha de entregar. Não foi nada fácil.

Mas, de qualquer forma, é bom acontecer esse tipo de coisa pra gente poder ver o quanto somos abençoados e sem problemas. Por mais que a administração do hospital tente tornar o lugar o mais agradável possível para as crianças, é um hospital. No quarto do Felipe, quando ele chegou, tinha uma menina que já fez cirurgia no coração e que atualmente sofre de problemas no pulmão. O avô que estava com ela disse que é uma sorte ela ainda estar viva e que estava feliz porque daquela vez ela só tinha ficado uma noite. Normalmente as internações dela duram de 10 a 15 dias. No quarto vizinho tinha um menino da mesma idade do Felipe, o Romain. Os dois ficaram amigos e brincaram muito. O Romain tem o mesmo problema do Felipe, ou seja, crises de bronquite. Só que essas crises podem se manifestar de duas formas: dificuldade respiratória ou eczemas (feridas) na pele. O Felipe teve os eczemas uma vez nas costas. É horrível, a pele fica toda cheia de feridas. O Romain tinha essa manifestação, só que no rosto, nos pés e nas mãos. Deu muita pena.

Foi ótimo as crianças poderem brincar, mas isso nos colocou em situações pouco confortáveis às vezes. Quando eu fiquei sozinha com o Felipe, ele quis andar pelo corredor do hospital atrás de uns palhaços que iam no quarto de todas as crianças. O problema é que ele estava no oxigênio direto, então aonde ele ia, eu ia atrás carregando o bujão de oxigênio. À noite eu não conseguia mexer os braços de tão doloridos. E mais: eu e o Vidal não desgrudávamos dele nem por um segundo. Acabávamos brincando junto, como fazemos aqui em casa. Isso foi atraindo a atenção de outras crianças e, na quinta-feira, o Vidal se viu numa creche! O Felipe e mais dois meninos brincando no quarto com todos os momentos normais de uma brincadeira: os gritos, os movimentos bruscos e as brigas... Não queremos ficar julgando as mães dos meninos que estavam no hospital e que deixaram os filhos por conta do Vidal, mas foi meio cansativo isso. Teve um momento em que o Vidal foi enérgico: fechou a porta e disse que os dois iam descansar. Cuidar de um, e que é nosso, tudo bem... Mas, cada um que cuide do seu filho, né?

Eles saíram do hospital na quinta-feira à tarde. Dia do aniversário do Vidal. Ainda conseguimos fazer uma janta especial, mas decidimos que não estamos mais querendo datas festivas aqui em casa: no meu aniversário no ano passado o Felipe teve uma crise e nós passamos o dia de pijama; no Natal eu estava internada; no aniversário do Vidal, o Felipe estava internado. Não estamos tendo muita sorte nessas datas.

Por isso fiquei sem escrever muito nessas últimas semanas. Agora acreditamos que está tudo bem: ele está fazendo um tratamento preventivo contra as crises. Além disso, parece que enfim vai começar a esquentar nesta terra! Semana passada ainda tivemos zero grau de manhã! Quando o tempo fica mais quente, as chances de crises são menores.

Esta semana o Felipe está de férias. Fica em casa o dia todo o que me deixa com menos tempo para usar o computador. Na semana que vem prometo voltar a contar nossos "causos". Já tenho algumas histórias no gatilho.

Até lá!

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