quinta-feira, outubro 07, 2004

Agora é oficial! Foram mais de dois meses pra conseguir comprar quatro passagens de avião, mas, enfim, estamos com as passagens em mãos e data certa para chegar: 9 de dezembro!!! Nem vou me dar ao trabalho de contar toda a função pela qual passamos. Não vale a pena. O importante é que as passagens estão aqui em casa, certinhas!

Só que eu vou ter de adiantar uma coisa para vocês. É o Felipe. Não é que ele tenha esquecido o português, é que o francês está muito presente na vida dele. Tem coisas que ele já prefere falar em francês mesmo porque acha mais fácil. Se antes ele nos perguntava "como é que fala tal coisa em francês?" agora a pergunta já é "como é que fala tal coisa em português?".

Mas o pior nem é quando ele fala francês. Esse aí a gente conhece e até consegue entender. O mais complicado é quando ele fala português mesmo, mas com estruturas que não são nossas. Aí a gente tem de fazer um trabalho de "engenharia reversa", quer dizer, a gente traduz para o francês o que ele disse pra tentar entender o que foi que ele, na verdade, quis dizer.

Como, nos primeiros dias que a gente estiver aí no Brasil, pode acontecer de alguém conversar com ele e não compreender o que foi que ele quis dizer, vou publicar aqui um "Pequeno dicionário para compreender o Felipe". Na verdade, vou escrever aqui um possível diálogo pra vocês entenderem o problema. As "traduções" vão estar entre parênteses.

- Felipe, onde é que você está?

Ele sai de dentro do armário onde estava escondido e diz:

- Eu estou (aqui)! Mamãe, eu vou fazer pra você um trabalho que a professora me aprendeu (me ensinou) na escola.

- Que legal!

- Você pega um papel e plia (dobra) ele assim uma vez, depois plia outra vez pro outro lado e de novo e de novo.

- Ficou bem bonito, Fê!

- Oh, non!

- Que foi?

- Aconteceu um accidente (acidente, mas com pronúncia francesa)! Eu pliei errado! Eu vou tudo começar! (começar tudo de novo). Oh! Merde! (esse já está saindo em francês mesmo...)

- Não tem problema, Felipe. Está lindo assim. Mas se você não está gostando, faz alguma outra coisa.

- Já sei! Tive uma melhor idéia. (idéia melhor). Vou pegar a cisô (tesoura) e cortar esse pedaço. Mamãe, onde é que foi passar (está) a cisô?

- Não sei. Procura na gaveta da cozinha.

- Vai lá pegar pra mim...

- Agora não dá, Felipe! Eu preciso terminar de passar essas roupas...

- Ah, vai...

- Não dá, querido!

- Alê (vai)...

- Agora não dá, Felipe!

- Quando o papai chegar eu vou contar pra ele que você não me obeiu (obedeceu) e vou pedir pra ele ir me achar!!! (buscar na escola)

Eu olho pra ele com uma expressão de quem diz "faça-me o favor!" e ele pergunta:

- Por que você fez essa cabeça? (fez essa cara)

- Por que eu tenho essa pilha de roupas para passar e não posso ficar parando pra ir procurar tesoura pra você!

- Faz ver. (Deixa eu ver) Ahnnnn... Tudo bem. Então vou escutar uma musíca (não sai mais música de jeito nenhum).

Como vocês podem ver, o caso nem é tão grave. Mas às vezes eu e o Vidal precisamos fazer uma pequena conferência pra conseguir captar o que ele quis dizer.

Mas não pensem que ele ficou metido não... No domingo passado ele pediu um calendário pra começar a riscar os dias que faltam pra gente ir para o Brasil! Como nós, ele também não vê a hora de pisar de novo a nossa terrinha, sentir um vento quente no rosto, comer um churrasquinho de verdade! Essas coisas de falar esquisito ele vai perder em dois ou três dias. E depois, qualquer problema maior de comunicação a gente pode resolver!

Vamos começar a contagem regressiva!

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